21 março 2018
17 novembro 2017
17-Nov-2017 Há 5 anos, pela roça de citriodora
Em 2012 a gente já estava junto, Lana sempre comigo, mesmo quando tinha carrapatos.

23 janeiro 2017
23-jan-2017 Ter um sítio é bom
Ter um sítio é bom, muito bom. Pensei nisso no primeiro dia em que o percorri como dono, ao parar na sombra da imensa antiga mangueira, sentindo no rosto o vento da tarde e escutando o canto dos passarinhos, e voltei a pensar muitas vezes, ao longo desses onze anos em que o tenho.
Mas se quem nunca teve um sítio e deseja ter acha que é só isso o que você pensa, ou é um perfeito desinformado ou um perfeito idiota, ou as duas coisas ao mesmo tempo. Há horas, meu caro, há horas em que o que você mais gostaria de ser no mundo é um mágico: um mágico, para, num simples passe, fazer desaparecer de imediato e para sempre seu amado sítio.
Imagine, por exemplo, que um dia seu empregado, sem qualquer motivo, avise que vai sair. Bom, o mínimo que você pede é que ele fique mais uns dias, até você arranjar outro, pois um empregado não se arranja assim de repente. Ele concorda e promete ficar. Ótimo. Três dias depois, ao voltar ao sítio por um imprevisto, você encontra os porcos berrando de sede e fome, as cercas rebentadas e o gado no pomar, e a égua, depois de muita procura, lá no pasto do vizinho. O que você não encontra é o filho duma égua do empregado: esse caiu no mundo. Eu disse imagine: mas foi isso, foi exatamente isso o que aconteceu comigo logo no primeiro ano.
Houve depois coisas piores, bem piores, tanto na parte humana quanto na parte da natureza, embora, comparadas a algumas que vi ou ouvi de outras pessoas, eu possa dizer que não foram nada, que sou um sujeito de sorte. Na parte da natureza, o pior foi sempre, sem dúvida, as secas. É terrível. Só quem passou sabe. Você ver o gado emagrecendo, com aquele olhar que dói na gente. Os pastos rapados. O trato acabando. E dia após dia, noite após noite, olhar para o céu em busca de um sinalzinho de chuva, e nada. É terrível.
É nessa hora que seu empregado, se ele é dedicado, vira um verdadeiro herói. Mas, por maior que seja a dedicação, uma manhã ele chega e conta que uma bezerrinha, aquela pintada, foi no córrego beber água, escorregou e caiu, e aí, como ela estava fraquinha, não deu conta de se levantar e morreu afogada. Está bem: era só uma bezerrinha; muitos, na região, ja tinham perdido dezenas e até centenas de cabeças de gado (isso foi no ano passado, a pior seca que já vi). Mas, diabo, era a minha bezerrinha; e além disso, morrer desse jeito, afogada, no raso…
Uma manhã ele chega e… É quase sempre assim que vêm as más notícias: de manhã, tirando você da cama.
As boas? São raras, ou, talvez, raramente dadas ̶ como se notícia boa não fosse notícia. Um pequeno catálogo das más: geou essa noite; a vaca perdeu a cria; a casinha da cisterna desabou; roubaram o latão de leite; o desintegrador não quer funcionar; o boi tá com bicheira; a porca tá com batedeira; a mola do carrinho quebrou; a bomba d’água enguiçou; roubaram de novo o latão; a bomba d’água enguiçou de novo.
Às vezes a notícia é uma só; às vezes uma sequência, contada com sinistros intervalos de silêncio.
Um dia a notícia foi o próprio empregado, trazido por um amigo: numa farra sábado à noite no sítio, um companheiro lhe enfiara a faca na barriga. E lá vai você, bocejando de sono, em plena manhã de domingo, mexer com hospital e polícia, e ainda ouvir as partes, dar conselhos, acalmar os ânimos, para que não saia mais alguma facada ou tiro e a morte de alguém; e depois, claro, ainda providenciar com urgência um substituto provisório para o empregado, porque senão, do jeito que as coisas andam, quando você chegar lá no sítio, não encontra nem o rastro dos animais. Ufa! Conseguida uma certa ordem no caos, você se esborracha numa cadeira e pensa: na primeira oportunidade que tiver, vou vender a merda desse sítio e nunca mais mexer com isso; mais nunca.
Mas o tempo passa, e os problemas acabam se resolvendo. Assim como as chuvas, que acabam voltando ̶ e o capim de novo enverdece e cresce, e o gado engorda, e o pomar se cobre de mangas, cajus, goiabas, jabuticabas, e os passarinhos cantam numa endiabrada alegria, e o vento da tarde sopa em seu rosto, e você pensa: é bom ter um sítio, muito bom.
Crônica de Luís Vilela
Publicado originalmente em junho de 1987, na edição 21 da revista Globo Rural.
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10 agosto 2015
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01 agosto 2015
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29 maio 2015
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27-Out-2013 Poste da Elektro perto da igrejinha, Luzia vai pedir pra colocar lâmpada municipal
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28 maio 2015
23 junho 2013
21 junho 2013
13 setembro 2012
Dia de dar rolê tem sempre companhia
Nem dá pra sair escondidinho porque a tropa sente de longe que tá na hora de dar rolê pelas estradas e barrancas…
12 setembro 2012
Mili, saudades
Muito bom quando a gente chega ao sítio nos finais de semana e solta os cachorros que saem correndo como loucos pela grama espessa. Depois do xixi e das esfregadas nas costas, saem todos cheirando tudo em volta como se quisessem se dar conta de tudo que aconteceu em cada centímetro durante a semana toda em que ficaram ausentes.
A partir de hoje, pelo menos um deles vai sempre nos fazer lembrar com saudades desses momentos.
Hoje um vazio denso e sufocante se instalou com a partida de Mili. O conforto é saber e sentir que tanta dedicação, amor e carinho compartilhados com uma criaturinha tão marcante, nos proporcionou durante uns 15 anos, momentos de pura paixão e amizade.
Mili permanecerá em muitos momentos de ternura enquanto nosso pensamento existir.
Valeram todas as penas!
30 agosto 2012
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22 agosto 2012
22 de agosto de 2012 – Abaixo de zero
Noite anterior chegou bem fria, estranhamente mais fria do que as noites anteriores. Eu fazendo um servicinho pra fora da casa, tive de entrar e colocar um agasalho rapidinho. Os pés começam a esfriar demais.
Manhã seguinte, pouco depois das 6 horas, abro a porta para Lara ir dar o rolê matinal e sinto o frio me congelando os ossos. Curioso, fui conferir o termômetro da varanda e não deu outra.
Dois graus abaixo de zero.
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