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Acordei umas 6 e meia e não dormi mais. Na cama, revirando pensamentos, resolvi me levantar antes das 7. Água fervendo para o café, portas e janelas abertas, lá fora um friozinho de 19 graus, tudo molhado e branco de neblina. Lá e cá um frango gorjeando baixinho, cachorros tremendo de frio. Mili e Neli nem quiseram sair do quarto quentinho. Ficando bem quieto dá até prá ouvir um e outro roncando enquanto dorme serenamente.
Vejo no blackberry os últimos emails sincronizados ainda na sexta-feira, a bateria está fraca e não consegue mais se conectar ali na varanda. Coloco prá carregar ali na tomada embaixo dos santinhos do oratório. Lembro do celular e faço planos de dar um pulo ali na esquina prá ver se tem algum recado já que o carro anunciado na Internet tem meu número para contato. Farei isso depois.
Ao levantar peguei um livro que parei de ler já há algum tempo. É que é um livro sobre assuntos profissionais mostrando um novo ponto de vista de RH que diz que as pessoas devem investigar naquilo em que são boas e não, como se pensava, naquilo em que são mais fracas. Como é um livro que é praticamente um serviço, desde as férias que parei de ler. Queria ler algo mais tranquilo e gostoso. Li o que tinha e, desde então, não li mais nada.
Ontem aproveitei uma parte do anoitecer para escolher mais músicas para a playlist "Café no Sítio". Até hoje só havia selecionado umas 10. Agora já tem 56 o que acabou ficando uma mistura meio eclética mas só de nacionais. Com o tempo vou refinando.
A água ferveu e o vapor quente começou a sair pelo bico do bule. Esse não é daqueles que assoviam para avisar a gente, mas vendo o vapor saindo nervoso pelo bico deu para ver na hora que já estava na hora de continuar. Para fazer um café bem forte como o que a Teresinha fêz ontem, coloquei 5 colheres de pó, mandei bala e parece que deu certo. Ontem, no final do dia, cansado ou "demolido da lida" como diz o Paulinho Mixaria numa de suas piadas, a Teresinha fêz um café daqueles perfeitos de forte. Sentamos aqui na varanda e apreciamos como é gostoso de se fazer de uma das melhores maneiras: todo mundo sentado em volta da mesinha jogando conversa fora enquanto anoitecia devagarinho. A varanda, com 2 lâmpadas queimadas, foi meio que escurecendo também acompanhando o crepúsculo no horizonte junto com as primeiras estrelas que nasciam. Era para ter trocado as lâmpadas, mas com aquele clima gostoso, achei melhor deixar para amanhã e foi muito bom. Nem a TV estava ligada. Coloquei uma música no ipod e a conversa foi até a hora da novela.
Café bom mesmo é quando está bem forte, quente, arrumadinho na garrafa e já adoçado que é para não dar trabalho de pegar e tomar. Aproveitei o bom humor de hoje e adocei com açúcar, provando numa xícara para ficar no ponto. Foi a primeira vez que eu mesmo adocei o café antes de colocar na garrafa. Todo mundo adoça. Aqui e lá na casa da Dona Rosinha. Eu até gosto de tomar com adoçante e, por isso, vi que algumas pessoas deixavam o café amargo, talvez, para me agradar. Hoje, de bom humor é claro, resolvi eu agradar as pessoas e fiz como todos gostam. Aliás, isso está sendo bom para mim também já que anda dizendo que adoçante está engordando as pessoas. De bem com a vida, dá vontade mesmo é de tomar café adoçado com açúcar.
Oito e meia e o sol, de repente, encontra seu caminho por entre a bruma branca e vai rasgando o horizonte dourando o morro coberto de braquiara. Luzia e Jéssica se levantam e vem caminhando devagarinho pela casa como que para não fazer muito barulho e não acordar os outros que ainda estão dormindo. Lá embaixo na estrada vem um cavaleiro descendo o morrote num trote bem preguiçoso, parece o Lali, veste roupa como as do Lali, meio bonachão como o Lali e monta um cavalo parecido com um dos cavalos do Lali. Vem descendo, vai se aproximando da porteira, vai passando direto pela estrada e só então a gente vê que não é o Lali. É o João, irmão do Lali. Tudo bem se confundir. Dessa distância e com a luz ofuscante desse sol da manhã, seja o João, fosse o pai dele ou mesmo o Preto, a gente sempre confunde. Outro dia, de carro na estrada já no lusco-fusco do cair da noite, vinha um deles a cavalo ali perto do Vardão e eu jurei que era o Lali. Era o pai dele. Igualzinho.
Hoje tem pássaro preto cantando com vigor bem ali em frente nas araucárias. Como estamos longe de Setembro que é a época dos acasamentos, não sei o significado. Só sei que hoje eles resolveram sair do bambuzal e se aproximar mais. Normalmente nessa época eles continuam voando e cantando pelas redondezas. Seu canto é bem característico e é um dos poucos que já consigo identificar com facilidade. Junto com o canto onipresente do tico-tico é o mais bonito da região.
Nessa época a grama cresce todo dia e o tempo todo. Gosto de brincar dizendo que se a gente acordar bem cedo, antes do sol nascer, aproximar o ouvido do chão e ficar bem quieto, dá para ouvir o farfalhar das folhas da grama espichando. É quase isso mesmo. Aqui em volta da casa, o Pedrão tem feito um bom trabalho e deixado a grama bem aparada. Mesmo com a velha máquina elétrica, que anda precisando de uma boa manutenção, ele tem conseguido manter o entorno da casa limpo e aparado.
Quem gosta são os frangos. A gente se senta à varanda para tomar café com pão ou biscoito e alguns dos frangos logo vêm para ver se conseguem uns pedacinhos. Olho lá adiante na direção da porteira e vejo doi franguinhos ainda pequenos se estranhando em posição de briga de galo. Um é filho do Fred, o outro é filho do Vermelho, os dois galos concorrentes do terreiro. Outro dia escrevi que frangos de pais diferentes têm ficado amigos, mas a gente sabe que nem todos. E os filhos do Fred estão crescendo bem rápido e ficando portentosos e bonitos como o pai que é branco e marrom. Uns são mais brancos e outros mais amarronzados. Pena que não podemos ter mais galos no terreiro, assim poderíamos deixar um ou outro crescer e enriquecer o local...