30 dezembro 2008

Sem pontos, sem esparadrapo e um chope gelado

21:35
Ufa, estou livre dos pontos e do esparadrapo que estava me causando alergia. Cepog fechado, fizemos o serviço no Hospital Frei Galvão que, agora, está com um centro de atendimento novinho em folha, muito mais confortável. O serviço foi rápido e tão desconfortável como haveria de ser. E o pior é que, sabendo quantos pontos haviam, não teve como não ir, contando um a um, enquanto a enfermeira ia cortando a linha e dizendo:

-- Calma que tá quase acabando...

E acabou mesmo. E já me sinto feliz por ter reconquistado essa pequena liberdade que é poder tomar quantos banhos quiser a qualquer hora que achar melhor. Ah, como isso é muito bom.

Dr. Goveia, de São Paulo, sinal de que acompanha atentamente o que se passa com o paciente à distância, me mandou um email pedindo notícias sobre minha recuperação e preparado para continuar com as orientações. É muito bom poder contar com esse suporte mesmo estando longe de SP.

Voltando prá casa, um calor dos diabos, demos uma passadinha no Shopping para um chope gelado o que ajudou a elevar o astral de final de ano. O Reveillon promete.

Dia de tirar os pontos

13:37
Hoje é dia de tirar os pontos e fico sabendo que o Cepog já está fechado para as festas de fim de ano. Só Sábado. Alternativa, no Frei Galvão tem médico (que pode ser aqueles tipo estagiário), mas tudo bem, vai ser lá mesmo. Preciso tirar esse curativo com esparadrapo Cremer que está me matando de tanto que comicha. Sem os pontos e sem curativo, vou poder tomar banho a qualquer hora e até refrescar na piscina tomando uma gelada. Não vejo a hora.

A caminhada de ontem não me fez bem, acho que exagerei. Estou sentindo um pouco de dor do lado direito onde ficam os parafusos. Espero que não seja nada que não possa voltar ao normal com descanso adequado. Preciso ficar ligado prá não cometer nenhum exagero e me arrepender depois.

É que, com o passar dos dias, a cicatrização vai melhorando e a gente vai, automaticamente, voltando a fazer mais movimentos, mais coisas normais enfim, voltando à vida normal e esquecendo que tem um mês para ir bem de leve, sem exagerar.

Deh, em Floripa, não ligou mais, não mandou SMS, não deu mais sinal de vida. Deve estar se esbaldando. Tomara que não esteja precisando de nada que a gente pudesse prover para fazê-lo mais feliz.

29 dezembro 2008

Caminhando com parafusos

20:43
Uma das minhas maiores preocupações com a cirurgia da coluna, travada com parafusos e placa de titânio, é com a perda de capacidade para fazer caminhadas. Aceitei fazer a cirurgia para garantir uma boa qualidade de vida e, caminhar faz parte do que considero uma vida normal. Caminhar é preciso, mesmo que não possa mais saltar de barrancos de 3 metros de altura.

Por enquanto, 12 dias após a colocação dos parafusos, já pude dar uma caminhadinha de uns 20 minutos me sentindo absolutamente muito bem. Aproveitei que tinha mesmo que dar umas voltas de acordo com a recomendação do Dr. Goveia, e levei a Lana comigo para sentir uns cheiros diferentes. Até completamos o giro com o Max amarrado na correntinha. É claro que todos gostaram muito. Que cachorro que não gosta de andar à toa.

28 dezembro 2008

Juicer philips walita

17:25
Confirmei na Internet que quase todo mundo tem vontade de ter um juicer philips walita, mas disseram que, ao invés de ele ter um triturador medonho e pesado, ele é bem levinho. Para mim, se é leve, deve ser descartável, não deve durar muito. E também não faz suco de banana, abacate e manga. É o que estão dizendo.

Medonho está o calor hoje; ótimo para uma cerveja na beira da piscina. Oscar acabou de passar com o Tiago dizendo que vêm mais tarde para assar uma carne. Nem sabia que tinha carne para assar. Só sei que ainda temos cabrito para o Reveillon. Mas com esse sol e esse calor, um churrasco com cerveja vai cair muito bem.

Deh mandou um SMS dizendo que já chegou em Florianópolis. Pelo visto, chegaram todos sãos e salvos. O cara é marrento mas já estou com saudades.

Gustavo montou no photoshop uma nova picture para o cabeçalho do blog. Ficou muito duca.

27 dezembro 2008

Esparadrapo Cremer

11:55

O curativo com esparadrapo Cremer está me causando alergia nas costas. Isabel acha que é culpa minha porque estou ficando mais tempo na cama do que deveria. Tá certo, é sempre culpa minha.
Minhas 2 coxas continuam desconfortavelmente dormentes. Estranho é minha perna direita que não tinha nada antes da cirurgia. Diz o Dr. Goveia que é por causa da posição na mesa de cirurgia mas que vai passar logo. Continuo esperando passar.

Sábado chuvoso, vontade de tomar um café, Isabel dormindo ainda.
Desci e fiz uma coisa que tenho tido vontade faz tempo: dar uma volta com a Lana na rua. Sem querer, vi a correntinha dela no chão, passei-lhe pelo pescoço e ela deve, imediatamente, ter se lembrado dos nossos passeios. Não resisti e dei uma voltinha bem curtinha pela calçada. Tenho receio que ela me dê um tranco na coluna o que quase aconteceu quando passamos por uma casa onde tinha um outro cachorrão. Segurei firme mas achei melhor voltar rapidinho.

Nesse Natal, estreou "Marley e Eu" no cinema de Guará e eu estive até fazendo planos de ir ver mas não deu. Com a coluna assim, acho que não vai ser uma boa enfrentar fila e ficar horas sentado naquela poltrona baixa do cinema.
Vi, na Internet, que tem gente que assistiu e chorou. Eu chorei no final do livro. De certo que vou chorar no filme também. Tomara que consiga disfarçar bem. Afinal, "Marley" é muito mais uma licão sobre paternidade do que sobre a fera amarela. Vamos ver.

26 dezembro 2008

Ressaca Natalina

16:24
Dia seguinte, dia de dormir até tarde, principalmente porque choveu muito de manhã, muito mesmo. Aí, ficou melhor ainda ficar morgando na cama, mesmo com as pernas dormentes.

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Com esse tempo feio, cinzento, chovendo fininho, meio friozinho, nada melhor do que um laptop quentinho na cama e a TV ligada passando filme. Bem, tem coisa melhor para ficar quentinha com a gente na cama, mas não dá prá ser toda hora.

O Reveillon será outra história.

25 dezembro 2008

Uma tarde de Natal

23:10
Na parte da tarde tempo melhorou, deu muita piscina e todo mundo ainda se divertiu bastante. Eu, pretendendo descansar mais hoje, ficar mais deitado, dormi tranquilo durante um bom tempo. Acordei já mais de 8, sentindo as varas de aço do colete me apertando as costas, desci com sede e com fome e fui me reabastecer.

Na gavetinha da geladeira do fundo havia sobrado 6 brahmas geladíssimas de ontem e ainda encontrei 3 me esperando, um claro sinal de como estamos bem devagar para beber. Tomei cerveja e, logo em seguida, uma caipirinha muito boa feita pelo Gu que, dessa vez, deixou no ponto de açúcar bem melhor para o meu paladar.

Agradável surpresa, o meu estado de espírito, cansaço e o tempo meio ruim não abalou em nada o espírito da galera. As poucas crianças continuavam se divertindo, jogando bola e correndo por todo lado. E o povo comendo.

Perdi o agito da tarde mas fico feliz ao ver essa galera forte e com  bastante energia para levar adiante a tradição.

Depois de "A Favorita", na TV, o show do Roberto que ninguém agüenta mais.

Tradição e repetição

13:47
Passou a noite, apaguei as luzes às 4, só ficaram o Deh com uns colegas que depois seguiram para o Gordo onde a festa deve ter ido até o meio-dia. Coisa de louco, coisa de jovem. Já estão todos em casa novamente.
Não funcionou meu sonho de ter comida preparada só o suficiente para a noite, como sempre, sobrou muita coisa para a continuação de hoje. Mas tá bom também. No final sempre dá certo.

Ontem o céu esstava azul, muito sol e calor. Hoje amanheceu garoando embora ainda calor. Não vai funcionar o almoço com piscina. Mas vai ter almoço, certamente, seguindo a tradição.
Tradição vive de repetição, e repetição leva ao enfado causando uma sensação estranha fazendo as pessoas a tentar entender o que ficou diferente, parece que está faltando gente, parece que está faltando algo, ninguém consegue entender. Essa festa de Natal se tornou muito mais um compromisso anual do que aquela espera animada de como seria diferente esse ano e como nós poderíamos bater nossos próprios recordes de anos anteriores. Desafortunadamente muitas ligações foram destruídas pela repetição.

Mas continuo impressionado, surpreso e muito agradecido pela insistência das famílias em proporcionar alegria aos seus filhos e, como consequência, à turma em geral. No final, todos saem ganhando. E o almoço de hoje costuma ser ainda mais gostoso.

24 dezembro 2008

Arranjos de Natal

17:29
Pagode no som, Oscar veio e me ajudou a consertar algumas lâmpadas, tomamos umas cervejas geladas. Gu limpou a piscina, Amanda montou a árvore de Natal e, junto com Isabel, fizeram alguns quitutes para a noite. Tiago apareceu como o Papai Noel - cheio de presentes. Tarcísio também passou por aqui, tomou uma cerveja, sentou, relaxou. Deh acabou de levantar. Daqui a pouco começa a se preparar a a noite com a galera. Tio Pretinho está no ralo agora; pegou à 1 da tarde e deverá chegar por aqui depois da meia noite.

O freezer tá ligado, algumas cervejas e cocas gelando, um pacote é do Chandinho.

Hoje, diferentemente de muitos anos, não pretendo dar aquela típica passadinha pela Igreja pois não posso ficar muito em pé ou sentado. E tenho certeza de que ninguém vai me deixar sentar num banco porque ainda não pareço velho e alquebrado. Para ficar de pé ou andando de um lado para outro, acho que não vou. Isabel disse que vai. Oscar também quer ir, já que acha que só 2 vezes por ano já é tão pouco.

Vou colocar o ipod para carregar porque vou acabar precisando dele à noite.

Tem festa de qualquer jeito

12:28
O céu azul e o sol forte deixa o espírito da gente em ritmo de festa, espera, meio ansioso. Dá uma vontade de rever uns amigos, tomar uma gelada, jogar uma conversa fora, fazer algumas coisas que a gente sempre tem vontade mas que vai adiando, adiando até ir perdendo a importância.

O céu azul e o sol forte dá vontade de limpar a piscina, vontade de ouvir um pagode bem animado, vontade de tomar uma cerveja. Ainda que esse seja só um efeito secundário resultado do Natal, já é bem lucrativo.

Acho que vou tirar esse curativo que me está queimando as costas e tomar uma ducha. Depois peço prá alguém fazer outro.

Ritual matutino

09:04
Levantei e achei peculiar ter na cabeceira da cama, sobre uma toalhinha, um monte de ossinhos de cachorro, uns inteiros, uns quebrados. Fui eu mesmo que deixei assim mas, vê-los ali agora pela manhã, me trouxe à mente essa espécie de ritual diário. Sei que vou à cozinha fazer um café e vou encontrar lá embaixo, 3 criaturas ansiosas, requebrantes, lambedoras, com o rabo balançando e loucas para entrar e me dar um "bom dia" bem caloroso. Mili, Neli e Lana fazem sempre igualzinho todo dia. Aí, como fico na cama o dia inteiro, elas sempre aparecem de vez em quando para me fazer uma festinha e me dar uma lambidinha. No caso da Lana, uma lambidona mesmo. Por isso os ossinhos a mão para que eu possa retribuir com o que elas mais gostam.

09:53
Tinha que renovar o curativo ontem, não deu, preciso fazer hoje. Ligo no Cepog, atende uma voz masculina diferente. Pergunto:

-- Oi, bom dia. Poderia informar quais médicos estão atendendo hoje e até que horas estarão aí?

A voz masculina responde:

-- Hoje não tem médico nenhum atendendo, só semana que vem. Tá tudo fechado hoje, aqui só tá eu que sou o guarda.
--Puxa, nem para emergência? Fazer curativo?
-- Nada, tá tudo fechado.
-- Tá bom então, bom Natal para o Senhor.
-- Obrigado - responde o guarda que, de certo, vai trabalhar no Natal.

Então é isso, o Cepog está fechado hoje, só abre semana que vem. Não vai dar para fazer curativo lá. Vamos ter que procurar Leucoband numa farmácia e fazer em casa mesmo, e tem que ser rápido porque também as farmácias devem fechar cedo hoje.

Amigo secreto
Alguém tocou no assunto um tempo atrás, todo mundo desconversou, esse ano não vai ter. Para mim, isso é um sinal claro e indesejável do enfraquecimento do espírito de confraternização. Mas ainda temos muita coisa mantendo a tradição. Festa de fim de ano, no mínimo, tem que ter gente junto, quanto mais, melhor.

23 dezembro 2008

Festas de fim de ano com chuva é normal há muito tempo

18:35
O tempo está feio e ventando mas ainda não choveu. Deitado na cama, de costas sobre os pontos da cirurgia, sinto o calor do laptop por cima e a queimação do corte por baixo das costas, uma situação nada agradável. Preferia estar lá embaixo bebendo uma cerveja gelada na beira da piscina que ainda não tive coragem nem para descer e procurar alguém para me ajudar a limpá-la. Amanda aceitou que me ajudaria mas nem fui lá ainda.

Marcelo passou por aqui hoje pela hora do almoço e conversamos bastante sobre Internet e programação de blog. Com ele, descobri algumas coisas novas que posso fazer nesse site, apesar de que, quanto mais aprendo as possibilidades, mais concluo que o que interessa mesmo é o texto, o conteúdo.

18:41
O café está pronto. Que bom! Hoje já estou comendo muito mais que ontem; assim vai ficar difícil chegar aos 80KG.

Dia de curativo

10:18
Levantando; hoje é dia de curativo. Dr. Goveia pediu para fazer com um médico mas acho que podemos fazer em casa mesmo. Um curativo hoje, outro no dia 30 para a retirada dos pontos.
Ao levantar, sinto um certo desconforto lombar - não chega a ser uma dor, mas é meio ruim. Espero que passe com o tempo. O corte ainda arde um pouco.
Ainda não consigo me abaixar na pia para escovar os dentes e, portanto, tenho que ser cuidadoso para não deixar tudo respingado de pasta.
Dormi bem à noite, apesar de que uns cachorros latiram muito aqui em frente. Talvez sejam aqueles 2 esquisitos que se amoitaram na frente da casa do vizinho. Ouvindo essa latição toda, deu saudades da Bolinha e da Ditinha.

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22 dezembro 2008

Quinto dia da cirurgia

O tempo se arrasta mas não pàra. Hoje consegui passar a maior parte do dia na cama. Achei melhor tirar o computador da mesa e colocar no suporte em cima da cama para não acabar ficando muito tempo sentado. Deu certo. Continua bem desconfortável, mas vai ser melhor para a cicatrização.

As duas pernas continuam dormentes e queima a cicatriz. Mas parece o curso normal da recuperação.

Acabei navegando muito, explorando a estrutura do blogger e, pela primeira vez, assinei o Adsense e consegui colocar online. Já está funcionando aí do lado.

Assisti 2 filmes: o excelente “Crash”, que mereceu os 3 Oscars que ganho e um do 007, “mó paia”. Foi bom como mais um motivo para ficar na horizontal.

Hoje é niver do Deh que acordou bem tarde, almoçou e saiu para a rep em Guará. Ainda deu tempo de dar um abraço apertado. Que o juízo lhe assente.

20 dezembro 2008

Dia da alta – volta prá casa

20081220-Sat-05:50:54
Ansiosidade não me deixa dormir, cabeça cheia de pensamentos, planos, alguns pensamentos até meio malucos e desafiadores. Levanto sozinho, vou ao banheiro, ligo o laptop e venho escrever um pouco.
Ainda faltam quase 2 horas para o café. Ainda está escuro lá fora.

20081220-Sat-09:21:41
Tomar banho, aguardar Dr. Goveia passar por aqui para dar alta. Tá meio frio lá fora, sem sol, vou ter que ir de calça jeans.

20081221-Sun-08:47:04
Em casa desde ontem, é a primeira vez que me sento para escrever com mais calma, ontem foram só arranjos para ajustar o ambiente para esse mês de recuperação. O primeiro mês é mais crítico para a cicatrização da parte da musculatura e talvez também para a consolidação do enxerto ósseo.

Dr. Goveia recomendou ficar 18 horas na cama e distribuir as outras 6 para ir ao banheiro, tomar banho, comer, dar umas voltinhas pelo quarto, pela casa.

Escada até pode desde que moderadamente (3x ao dia).

A ambulância ontem veio rapidinho a mais de 120 por hora; esses caras estão acostumados a andar depressa. Isabel veio na frente porque o motorista precisava de alguém para lhe mostrar o caminho em Aparecida mas bem que ela poderia vir lá atrás comigo e passar para a frente quando estivesse chegando. Com a velocidade, sozinha com  motorista, num carro com um baita vidrão na frente, ela quase morreu de pânico. Eu só me lembrei desse detalhe no meio do caminho quando prestei atenção no ruído das ultrapassagens rápidas. Mas aí, como já devia estar perto, achei melhor deixar quieto. Dito e feito. Isabel chegou apavorada e cheio de dores no pescoço.

Lá atrás, eu deitado naquela maca desconfortável de sempre, virando de um lado para outro revezando o desconforto das pernas dormentes, pensando na tortura da demora da viagem, usei um pouco o blackberry, mandei uns tweets, coloquei o ipod e vim ouvindo "Marisa Monte". Por isso acabei me desligando um pouco da viagem e fiquei surpreso quando percebi as manobras já dentro de Aparecida.

Enfermeira Virgínia toda paramentada, veio sentada no banquinho me vigiando. Serviço completo, tudo pago pela Mediservice.

Chegamos, descemos, nos despedimos e o pessoal da ambulância retornou imediatamente.

O tempo estava cinzento e chuvoso começando a garoar mais forte. Não havia ninguém em casa. Havia me esquecido de ligar pelo celular para avisar que estávamos chegando. Havia uma ligação perdida no meu. Ligue para Amanda, ela estava na Teresinha e veio rapidinho no receber.
Ninguém sabia do Deh que chegou bem depois, mancando, com tala no pé, disse que se machucou no futebol.
Segunda-feira é aniversário dele.

Enfim, em casa novamente. Cachorros pulando, cheirando e lambendo, beijos e abraços. É verdade, nada como a casa da gente!

17 dezembro 2008

Chegou o dia da cirurgia, finalmente

Estava devendo esse post para completar a história da cirurgia de artrodese na coluna no nível L5-S1 com colocação de parafusos e plaqueta de titânio, material fornecido pela Hexagon Indústria e Comércio de aparelhos ortopédicos, uma empresa de Campinas. Estive pesquisando várias empresas que fornecem esse tipo de material, inclusive a Depuy da própria Johnson poderia ser uma possibilidade, caso eu resolvesse fazer a cirurgia em outro lugar. No final, preferi confiar na experiência de mais de 20 anos da equipe do Dr. Goveia e também de que essa equipe, certamente, teria ao longo dos anos, adotado um material de qualidade comprovada. O resto ficaria por conta do plano de saúde.

Viajamos à São Paulo de ônibus, eu a Isabel, companheira de todas essas horas amargas. Tomei uma dose caprichada de Codaten para tolerar a dor na perna e lá fomos nós. Já no Hospital, esperando os arranjos na recepção, fizemos contato com uma outra pessoa, jovem ainda, funcionário das Casas Bahia, com uma aparência bem combalida, conversa vai, conversa bem, ele nos contou que estava lá para colocar 3 pontes de safena e que, há tempos, vinha tendo muitos problemas sérios no coração. E a cirurgia seria na manhã seguinte, no mesmo horário da minha.
Olhei bem para ele e, em silêncio, até senti um certo alívio ao comparar minha situação com a desse jovem. Achei que a minha cirurgia seria bem mais simples do que a dele e não gostaria de trocar de lugar.

Coisa ridícula essa de fazer a tricotomia da parte lombar às 5 da manhã e o pior, por um enfermeiro homem. Mas tudo bem. Naquele momento comecei a entrar naquele clima horrível de hospital onde o paciente se torna um nada nas mãos de qualquer um.

Preparado para injeção “fatal” da anestesia, insisti com todo mundo ao meu lado para que tentassem fazer um entubamento menos doloroso que da última vez, um serviço melhor. Todo ouviram com atenção e acho que funcionou. Disseram que usaram um tubo mais fino, mais maleável enfim, mais amigável e, no final, funcionou, pois minha traquéia resistiu quase ilesa dessa vez.

4 horas depois, de volta ao quarto, volta da anestesia, vivo enfim. Sobrevivi. Como sempre, todos os médicos disseram que correu tudo bem – os médicos sempre fazem isso - e que no dia seguinte já poderia me levantar. Todos os medicamentos por via intravenosa, nada de comprimidos, o único dissabor foi o desconforto indesejável de esvaziar a bexiga que não aconteceu sozinho por vias normais. Rios, ribeirões, postes, muros, matos, vielas escuras, banheiro de festa, cervejada, nada, nada adiantou. Dessa vez, só mesmo com a sonda apavorante e não só uma vez mas 3. Isso foi o que houve de pior. O resto deu prá tirar de letra. Mas sobrevivi de novo. A gente sempre sobrevive.

Ainda bem que prá compensar houveram as enfermeiras, todas muito gentis e sádicas como hão de ser.

Foi assim, agora, pinado e parafusado, vamos ver como vai ser a vida.

16 dezembro 2008

Dia 23 - É amanhã

20081216-Tue-09:41:30hs
Chegando a hora, dá um frio na espinha. Consegui levantar cedo, tomei meio codaten às 7, saí dirigindo sozinho, fui ao Santa Rosa, tirei o RX e pedi urgência para poder pegar o resultado ainda hoje lá pelas 4 da tarde. 5 horas a gente pega o ônibus para SP para chegar no Beneficência em torno das 9 da noite.

Em casa, um certo sentimento de urgência como se hoje fosse o último dia de uma certa parte da vida, o que é, na realidade.
Mas preciso relaxar.

Precisa-se de um RX

20081215-Mon-23:56:45hs
Preciso de uma radiografia, um rx da coluna para que o Dr. Goveia possa planejar direito onde o ponto exato da minha vértebra onde vai fazer os furos para colocar os parafusos. Tentei no Cepog mas me disseram que o RX deles não é muito bom. Aí fui no Santa Rosa, mas já estava fechando e não dava mais tempo. Vou amanhã cedo às 8 hs.

Sozinho em Guará, depois do Santa Rosa, tomei um café com leite e um misto quente na padaria enquanto a Isabel não vinha me pegar. Doía demais e eu não achava uma posição confortável nem sentado nem em pé, o que deixou o caixa intrigado.

Com saudades da minha cama, depois do banho, veio me visitar o Perninha, meu irmão e ficamos um bom tempo conversando.

Preciso tentar dormir mais cedo hoje para chegar cedo no RX amanhã.

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15 dezembro 2008

Bom poder trocar email com o médico

Assim ele me disse:

GERALDO

BOA TARDE

Devido a questões de marcação do centro cirúrgico, teremos que alterar sua internação para terça feira (16/12) e cirurgia quarta feira (17/12). Assim sendo sua internação será na vespera da cirurgia a noite, a partir das 21Hs, pois somente nesta condição os convenios liberam internação de vespera; o que é melhor sob varios aspectos. O preparo pré operatoria consiste em jejum a partir da meia noite de 16 para 17 de dezembro, as 6:30hs é feito preparo da pele e as 7:00 o pre anestesico, havendo previsão da cirurgia as 8:00hs.

NAO ESQUEÇA DE TRAZER OS EXAMES DA COLUNA (RESSONANCIA E RX), BEM COMO OS EXAMES DE LABORATORIO QUE OS ANESTESISTAS PRECISAM VER.

Abraço

Dr Goveia

Dia 22 - 2 últimos dias antes da cirurgia

20081215-Mon-01:02:25hs
Vinte e dois dias de molho, com bastante tempo para ler, escrever, ver TV e navegar na Internet. No final, usei mais esse tempo para ler do que escrever. Mas tenho ainda muitos planos de deixar esse blog "quase" profissional.

Natal e Ano Novo

Ano passado tivemos um Reveillon bem legal e diferente no sítio. Esse ano, por causa da minha recuperação que deverá ser bem delicada, acho que vamos ter que comemorar aqui em casa mesmo.

Oscar passou por aqui outro dia e já começamos a combinar o esquema do cabrito. Como ele agora tem carro também, estando eu impossibilitado, acho que ele poderá resolver tudo com a ajuda do Tiago. Deveremos rachar a conta eu e ele mesmo, como foi no passado. O que não devemos é ficar sem o cabrito assado.

14 dezembro 2008

Dia 21 - Um Domingo em casa

20081214-Sun-00:34:04hs
Acabou Capitu. Foi diferente, mas gostei. Acho que, no final das contas, conseguiu destilar muito bem o ciúme doentio do ser humano fielmente retratado pelo gênio. A forma como foi apresentado, chateou um pouco causando desvio de atenção. Acho que o verdadeiro valor da obra só pôde mesmo ser sentida no todo e por quem resistiu até o final. Gostei mais do casal jovem, talvez por ter sido representado por atores ainda sem rótulo.

20081214-Sun-01:46:28hs
Cansado já, sentindo um pouco mais de dor do que o normal, provavelmente por ter andado mais, ficado mais de pé, me movimentado mais, ficado menos na cama.

20081215-Mon-00:58:06hs
Passei quase o dia todo fazendo manutenção no laptop tentando descobrir porque está travando. O dia esteve chuvoso e meio frio, quase não saí da cama, nem para comer. No final do dia, passou por aqui a Teresinha que veio fazer uma visita. Que bom. Conversamos um pouco sobre o sítio já que ela chegou há pouco de lá. Hoje é aniversário da Luzia que ficou no sítio com o Preto e a Jéssica. Falei com ela pelo telefone, dei notícias da agenda da cirurgia e desejei-lhe feliz aniversário. Os anos passam mas precisamos nos cuidar para ter bastante energia para continuar curtindo a vida inclusive depois da aposentadoria.

13 dezembro 2008

Dia 20 - Cavalaria passando

Acordei com a visita do Edião e Dudu que deram uma passadinha antes do Dudu ir para a roça com a Luzia. Conversamos um pouco sobre HTML e CSS, que preciso aprender mais para poder melhorar a cara desse blog.

Fiz algumas recomendações para o Dudu: pegar os ovos, ajudar a tia Luzia pegar xuxu, forrar as casinhas da Bolinha e da Ditinha com pano e não deixar os cachorros dormirem nas cadeiras da varanda.

Ao abrir a janela, estava passando uma pequena cavalaria vindo do Potim para a Basílica. Estaquei e fiquei apreciando, com uma certa inveja, aqueles caras trotando sobre os cavalos. Em silêncio, fiquei imaginando a coluna de cada um subindo, descendo e dando trancos sobre a sela. Sugestivamente até senti uma pontada na hérnia mas, mesmo assim, fiquei admirado com esses simples cavaleiros e suas colunas com seus discos íntegros. Nunca mais vou poder andar à cavalo!!

Procurando um 4x4

20081213-Sat-22:03:06
Depois do almoço fomos eu, Isabel, Gu e Amanda ao recinto de exposições de Guará onde montaram o habitual feirão de automóveis. Estivemos olhando só 4x4, Sportage, Pajero, Vitara. Vimos alguns mas nenhum muito próximo do que estamos procurando para trocar um dos Gols.

De volta, café com pão de queijo e muita pesquisa na Internet. A gente chega lá.

Cirurgia

Dr Goveia confirmou, por email, a cirurgia para a próxima Quarta-feira, dia 17. Estaremos no Hospital na Terça em torno de 9 da noite.

12 dezembro 2008

Dia 19 - Agendando a cirurgia

Fiquei sabendo agora que a cirurgia, se não puder ser realizada na Terça dia 16, será na Quinta. É que tem um caso mais grave do que o meu, emergência, que poderá sair na frente. Combinado também que deverei chegar no Hospital na noite anterior em torno das 9 da noite; é que os planos de saúde não gostam muito de ter que pagar uma diária na véspera de cirurgia.

Me diz a Márcia, secretária do dr Goveia:

-- Eles querem que o paciente chegue no dia da cirurgia, deixe as bolsas, tome um banho e vá direto para o centro cirúrgico; isso não pode né, tem que chegar no dia anterior, descansar, dormir bem, ter uma noite tranqüila, para só operar no dia seguinte. Aí a gente faz isso, já combinamos com o Beneficência, a pessoa chega à noite e aí a diária só começa a contar a partir do dia da cirurgia.

Digo.

-- O meu plano só aprovou 3 diárias.

-- É, mas aí, se precisar de mais algum dia depois da cirurgia, a gente pede uma prorrogação, isso não tem problema.

Falei com ela sobre a possível necessidade de uma ambulância para me trazer de volta para casa, ela disse que o dr Goveia pode pedir ou o Hospital mesmo pede por telefone. Não deve haver problema de demora na aprovação.

Tudo bem então, aguardo um telefonema na Segunda combinando como é que vai ser.

02 dezembro 2008

Oitavo dia de cama aguardando a cirurgia

Esse final de semana que passou foi o primeiro que não pude cumprir com a rotina de ir ao Sítio. Sei que outros finais de semana virão e, em mais alguns deles, também não poderei ir. Mas entendo que é melhor ir com bastante calma nesse processo para poder voltar com segurança e garantia de que, em breve, voltarei a desfrutar do benefício que construímos.

Sigo resignado e em compasso de espera. O aumento do calor tornou mais dolorosa essa submissão. De vez em quando me vem à cabeça os riscos que vou correr, como diz essa pesquisa:

"... o tempo cirúrgico variou de 3h40min a 6h30min, com média de 4h53min e o tempo de internação de três a cinco dias, com média de 4,7 dias. Como complicações imediatas, um paciente (4,4%) apresentou alterações parestésicas em membros inferiores ao fim do procedimento; um paciente apresentou tromboembolismo pulmonar, evoluindo para óbito em 48 horas; um paciente apresentou fratura do pedículo no momento da tração longitudinal; e um paciente apresentou sangramento significativo, havendo necessidade de hemotransfusão durante o ato operatório..."

Espero sair dessa sem fraturar nenhum pedículo nem me ver evoluindo para óbito. Eu hein.