09 janeiro 2010

Galinhas caipiras são mais felizes

Pict-261

Final de semana meio atípico, não fomos para o sítio para poder ir prestigiar o aniversário da dona Rosina na Vila Mariana. Recentemente tenho tentado usar esse tipo de referência para que as nossas crianças aprendam que, sempre nesses casos, o importante é a participação para prestigiar o aniversariante e nunca, a busca de prazer e divertimento pessoal. É claro que, quando se pode aliar os dois, fica melhor ainda. E hoje parece que vai dar certo.

Sábado ensolarado e quente, vendo TV durante o café, vi esse título e resolvi usá-lo nesse post.

Pict-266

No sítio temos muitas galinhas, todas caipiras e muito felizes. Como já disse algumas vezes, é um dos meus maiores prazeres poder curtir a galinhada livre pelo terreno, ciscando, comendo, ensinando os pintinhos, correndo uma atrás da outra para roubar um petisco, os galinhos treinando briga de mentirinha, quando o sol esquenta, deitam-se debaixo dos pés de azaléias, tomam água no córrego, atravessam a rua e vão botar ovos no mato, nas margens da represa, atrás do bambuzal, na beira do brejo.

Nunca se aproximam muito da gente, mas têm umas que acabam ficando bem sem vergonha e chegam mais perto. Tem o Fred que se acostumou a ver a gente ir buscar ração para Bólis e Dítis e sempre vem atrás em busca de alguns grãos. Com jeitinho ele vem comer na palma da mão da gente com suas bicadas fortes e certeiras.

Já conversamos sobre pinteiros, separar os pintinhos das galinhas para aumentar a produção mas, no final, acabamos por deixá-los todos soltos mesmo. Umas das cenas mais alegres do lugar é ver uma galinha ciscando e pastando com uma renca de pintinhos novos. Eles ficam em volta, ela cisca, finge que bica alguma coisa na terra ciscada e eles a imitam procurando bichinos na palha. E assim vão aprendendo como sobreviver sozinhos. Com o passar do tempo eles logo se desgarram da mãe mas, por um bom tempo ainda, vão continuar andando com o mesmo grupo de irmãos. E a galinha vai partir para outra ovação e mais uma renca de pintinhos virá.

 Pict-265 Pict-264 Pict-263 Pict-262 Pict-261 Pict-260 Pict-259 Pict-258

Assim são elas, acordam bem cedinho mas também vão dormir bem cedo. Fizemos um galinheiro confortável e seguro mas não adiantou muito – a maioria delas prefere dormir empoleirada nas árvores em volta. São barulhentas e reagem escandalosas ao menor perigo ou quando botam um ovo. Botou um ovo, lá vai o Dudu verificar.

Onde tem galinha, cobra e outros bichos rastejantes não dão bobeira. Por isso nosso gramado está sempre limpo e, assim, vão vivendo suas vidinhas felizes sem demonstrarem que nos reconhecem. Parece que água, milho e liberdade para ciscar, pastar, botar e criar seus pintinhos é tudo que elas querem. Que assim seja.

01 janeiro 2010

Reveillon das águas do Jacuí em Cunha – Janeiro 2010

Pict-205

Na virada foi só comemoração mas, como já aconteceu em anos anteriores, choveu no reveillon, choveu muito, choveu ainda mais forte do que no passado recente. O sistema de águas atingiu em cheio o sul do Rio de Janeiro e acabou sobrando prá nós aqui no vale do Paraíba, sul de Minas e serra do mar, Cunha e São Luiz do Paraitinga.

Calamidade pública em vários lugares, mais de 50 mortos na região, 6 só em Cunha, passamos a virada do ano aqui em Aparecida, chuva no dia 1o., plano de ir para o sítio quase não funcionou até que soubemos das notícias ruins sobre a enchente do Jacuí e saímos em caravana pela estrada por entre os vários deslizamentos de terra e pontes quase caindo. Povo doido, nem cogitamos o plano de ir só os homens e deixar as mulheres e crianças. Coisa muito perigosa, enchemos os carros, pegamos as correntes e fomos.

Pict-206 Pict-207

Nosso sítio fica numa baixada que acaba sendo a única saída baixa do rio Jacuí, local onde os morros não contém as águas de cheias desse tipo. Não deu outra. Com tanta água vindo das cabeceiras, o alagamento foi geral subindo mais de 5 metros desde o leito normal do rio.

Pict-213 Pict-212 Pict-211 Pict-210 Pict-209 Pict-208

Quando as águas começaram a baixar, a paisagem mudou, muita areia se juntou em parte onde antes era pasto, ficou parecendo cenário de praia depois da tempestade.

Pict-214 Pict-216 Pict-215

Árvores menores foram varridas, sorte, as maiores resistiram.

Pict-218 Pict-217

O leito normal do rio foi alargado, barrancos foram arrancados à força.

Pict-219

A cachoeira do Beleza virou isso.

Pict-222 Pict-221 Pict-220

Mas criou praias até que boas. Pena é que o rio vai voltar ao leito normal e tudo isso vai ser coberto de mato novamente.

Pict-223

Nesse trecho formou-se uma represa natural, mas dá prá ver que o rio vai continuar procurando um caminho mais curto.

Pict-224

Entre uma inspeção e outra, uma pausa para Bólis e Dítis.

Pict-225

Até onde chegou o nível das águas.

Pict-232 Pict-231 Pict-230 Pict-229 Pict-228 Pict-227 Pict-226

R., quando voltar por aqui, vai tomar um susto com o estado que ficou seu casebre.

Pict-243Pict-245Pict-244 

E depois que a água baixou, sabendo que não adianta muito lamentar, só nos restou relaxar e tentar se divertir um pouco nesse início molhado de 2010.

É claro que as crianças não perderiam a oportunidade de afundar o pé no barro e depois lavar num dos poços dágua.

Pict-235 Pict-234 Pict-233

Ufa! Realmente ninguém é de ferro. Apesar de tudo, o calor não deixou de sufocar e aí, meu camarada, só mesmo um refresco no rio e aproveitar a sombra.

Pict-236 Pict-238

Vídeos

O primeiro contato com o alagamento

Até onde a água chegou transformando o brejo numa extensão do rio, quase igual a uma represa como a gente tanto sonhou. Até brincamos com a Luzia dizendo que, agora, ela tinha a represa que tanto queria.

Povo doido prá ver como estava a igrejinha, se a água tinha encoberto tudo ou só a metade, como estavam os santos, agitaram, deram corda e resolvemos colocar a piscina de fibra para servir de barco. Preto, claro, foi o primeiro e embarcar.

Refazendo um pedaço de cerca perto do local onde a gente faz churrasco, as pedras ainda submersas, Dirceu até achou que o local tinha se acabado, rio ainda bem largo, todas as margens varridas e um pedaço de mata ciliar que virou beira de rio.

Cachoeira do Beleza (seu Vicente) totalmente descaracterizada, areia nas margens virou praia, quase todas as pedras ainda submersas, margens alargadas e o rio roncando, bravo, indomável.